28 de janeiro de 2013

Varriam galhardamente com as suas caudas de púrpura as lajes das praças públicas.


Jovem usando uma clâmide, peça de
vestuário da Grécia Antiga
Esta nota refere-se à secção 10 de O Barão de Lavos (que pode ler aqui)

"Na Grécia os efeminados varriam galhardamente com as suas caudas de púrpura as lajes das praças públicas, sob a luz magnânima do Sol"
Os efeminados, vestidos com roupas exuberantes e caras (em Roma, a utilização da cor púrpura chegou a estar reservada ao imperador e, ainda hoje, o púrpura é utilizado com grande destaque nos trajes dos prelados católicos), pavoneavam-se airosamente pelas praças públicas em pleno dia... um comentário muito gay!

"Ao tempo de Augusto, o amor de homem para homem era a mais banal das paixões. Muitas vezes, na risonha península da Etrúria e do Lácio, o véu da amizade encobria infamíssimas torpezas; pensava-se que a reciprocidade no gozo sensual era o melhor laço para o coração de dois amigos. Julgava-se a amizade dependente de um apetite lascivo, conjugada com a ligação carnal."
Não nos foi possível confirmar esta afirmação de Botelho. Geralmente considera-se que a homossexualidade era aceite em Roma desde que não pusesse em causa a masculinidade do cidadão, isto é, desde que este desempenhasse o papel ativo. As relações entre dois homens não seriam, por isso, equilibradas, isto é, uma das partes deveria ser inferior socialmente (escravo ou não romano) ou, não o sendo, seria moralmente criticável.

"A transfusão foi crudelíssima. Operaram, destruindo. Mas por trás da arrogância bestial da sua arremetida vinha apontando a generosa unção de um mundo novo. Aquela treva aparente mascarava uma alvorada. Eles traziam da penumbra druídica das suas florestas os elementos sociais que faltavam ao Ocidente gasto e decrépito: a liberdade pessoal, a sinceridade da crença, a disciplina, o valor, a ordem, a consagração da virtude, o respeito da família, o amor pela mulher. A regeneração foi prodigiosa."
Abel Botelho atribui aos Bárbaros a renovação da raça, com a erradicação dos vícios deixados pelos gregos e romanos, no entanto, muitos dos valores que menciona (liberdade pessoal, disciplina e ordem, sinceridade da crença, virtude, etc.) parecem ter raízes precisamente na Grécia e na Roma antigas.

"a luxúria olhada como um fim, como uma regalia sensorial da carne, em vez de ser cultivada na compenetração do seu mister sagrado, como um simples meio de provocar a gestação."
Apesar de ser um forte crítico da religião e dos religiososos, Botelho adota a perspetiva muito católica de que o sexo deve servir apenas para a procriação.





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