7 de julho de 2012

O Circo Price e o Theatro Variedades

Theatro Circo Price
No final do século XIX ainda não havia cinema, televisão, consolas de jogos e internet e as melhores alternativas para passar uma noite agradável eram visitar amigos, dançar nalgum baile ou assistir a algum espetáculo de teatro, música ou dança. Todas as cidades e vilas de Portugal tinham então o seu teatro e a sua sociedade filarmónica e a capital tinha ampla oferta tanto de espetáculos como de salas. 


Interior do Theatro Circo Price
O Theatro Circo Price veio ocupar, em 1860, a primeira praça de touros que existiu em Lisboa. A iniciativa foi do inglês Thomas Price, que com o seu grupo de ginastas e acrobatas estrangeiros impressionou a juventude lisboeta da época e esteve na origem do atual Ginásio Clube Português. Como referiu Eça de Queirós, em Os Maias, o Circo Price era um espaço extremamente popular, mas um lugar pouco confortável e abafado. Embora sendo originalmente uma sala especializada em circo e ginástica, o Circo Pride passou depois a apresentar comédias, zarzuelas, operetas e outros espetáculos populares à época.
Com a sua demolição, em 1879, para construção da Avenida da Liberdade, ficou um vazio na capital que só viria a ser colmatado pelo Coliseu dos Recreios. Segundo a revista Ilustração Portugueza"O Circo Price ficava situado do lado esquerdo da calçada do Salitre, defronte do velho theatro das Variedades. Era mais amplo que o actual Colyseo dos Recreios, e a sua enorme cúpula assentava sobre grossas vigas de madeira.

Teatro das Variedades
O Teatro das Variedades (ou das Variedades Dramáticas) veio substituir, por volta de 1859, o Teatro do Salitre,  o teatro mais antigo da zona, que havia sido inaugurado mais acima, na Calçada do Salitre, em 1783 e tinha entrado em decadência após ter estado encerrado devido à febre amarela. Dedicou-se sobretudo à comédia, mas apresentou óperas, dramas, vaudevilles, danças, malabarismos e apresentações de animais e conseguiu atrair diversas camadas da população. Segundo o DN de 7/12/1871, "Tudo quanto há conhecido nas letras e nas artes dentro do país tem feito coisa naquele teatro; representou-se ali o Frei Luís de Sousa pela primeira vez em teatro público; a Soller estreou-se ali; dali saiu Isidoro; ali foram directores, numa empresa de accionistas, durante um ano ou dois, o conde de Farrobo, D. José de Almada, Francisco Palha. Mais tarde – e não há mais de quatro ou cinco anos –, esse mesmo Isidoro, o nosso Isidoro da Trindade, sendo empresário ali, foi-se à tragédia de D. Inês de Castro e desmanchou-lhe os versos por entender que no Salitre tudo se diz melhor em prosa; e fê-la representar assim.Em 1879, por ordem de Rosa Araújo, então presidente da Câmara, o Circo Price e o Teatro das Variedades foram expropriados e demolidos no contexto das obras de abertura da atual Avenida da Liberdade. O Teatro das Variedades, do Parque Mayer (hoje também em decadência) foi nomeado para evocar o antigo Variedades.

Mais informação:
Júlio César Machado Cronista de Teatro, por Licínia Rodrigues Ferreira 
Marcas das Ciências
Revelar Lx

1 comentário:

João Roque disse...

Maravilha de descrições.
Obrigado.